DependĂȘncia Emocional: compreendendo o excesso afetivo.
- PsicĂłloga | Laiany Maiara
- 8 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de ago.

A dependĂȘncia emocional Ă© um padrĂŁo complexo de comportamento em que uma pessoa desenvolve uma necessidade excessiva de cuidado, apoio e validação de outras pessoas. Mais do que uma questĂŁo individual, ela tambĂ©m Ă© atravessada por fatores sociais e culturais que moldam como aprendemos a nos relacionar e a lidar com nossas vulnerabilidades.
Principais caracterĂsticas incluem:
DependĂȘncia persistente e intensa, levando Ă submissĂŁo e ao apego excessivo.
Dificuldade em tomar decisÔes cotidianas sem conselhos e garantias constantes.
TendĂȘncia a delegar responsabilidades importantes da vida para outras pessoas.
Medo de discordar por receio de perder apoio ou aprovação.
Insegurança em iniciar projetos sozinhos, não por falta de energia, mas pela baixa confiança em suas próprias capacidades.
Disposição em realizar tarefas desagradĂĄveis apenas para manter vĂnculos.
Desconforto intenso ao ficar sozinho, acompanhado do medo de nĂŁo conseguir se cuidar.
UrgĂȘncia em iniciar novos relacionamentos logo apĂłs o fim de outro, para nĂŁo lidar com a solidĂŁo.
Preocupação excessiva e irrealista com o abandono e a incapacidade de sobreviver sem o outro.
Embora esses sinais possam ser vividos de maneira individual, Ă© importante reconhecer que a dependĂȘncia emocional nĂŁo nasce no vazio. Mulheres, pessoas negras, perifĂ©ricas ou que crescem em contextos de desigualdade, muitas vezes sĂŁo socializadas a acreditar que precisam se apoiar inteiramente no outro para terem valor. A sociedade ensina a depender â seja afetiva ou economicamente â e, ao mesmo tempo, cobra autonomia e força de quem nĂŁo recebeu os mesmos recursos e oportunidades. Esse ciclo pode tornar a dependĂȘncia emocional mais intensa e dolorosa, jĂĄ que nĂŁo se trata apenas de uma fragilidade pessoal, mas tambĂ©m de um reflexo das estruturas sociais que moldam nossas subjetividades.
Superar a dependĂȘncia emocional envolve desenvolver autoconfiança, autonomia afetiva e a capacidade de estabelecer limites saudĂĄveis. A psicoterapia pode auxiliar nesse processo, ajudando a compreender os fatores emocionais e sociais que alimentam esse padrĂŁo e favorecendo a reconexĂŁo com quem vocĂȘ Ă©. Mais do que se libertar de vĂnculos nocivos, trata-se de aprender a se relacionar de maneira mais consciente, Ă©tica e saudĂĄvel, reconhecendo que o direito ao cuidado Ă© de todos â mas que ele nĂŁo pode se sustentar apenas na dependĂȘncia do outro.
