Apostas Online e Vício: os riscos por trás da promessa de lucro rápido
- Psicóloga | Laiany Maiara

- 15 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de ago.

O vício é uma condição complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com consequências emocionais, sociais e financeiras profundas. Entre os vícios contemporâneos que mais crescem está o das apostas esportivas — popularmente conhecidas como bets. Com fácil acesso pelo celular, propagandas agressivas e promessas ilusórias de enriquecimento rápido, essas plataformas têm atraído principalmente jovens em situação de vulnerabilidade econômica e emocional.
É preciso olhar para esse fenômeno de forma crítica: a lógica das apostas não se espalha de forma neutra. Ela atinge com mais intensidade populações já marcadas por desigualdades sociais e raciais. A promessa de “ficar rico” rapidamente dialoga diretamente com realidades atravessadas pelo desemprego, pela precarização do trabalho e pela ausência de políticas públicas, criando terreno fértil para a exploração do desejo e da desesperança.
O vício em apostas funciona de forma semelhante a outras dependências: há uma liberação intensa de dopamina a cada ganho, mesmo que pequeno, reforçando o comportamento. Aos poucos, a pessoa passa a apostar de forma recorrente, buscando recuperar perdas ou reviver a sensação de euforia inicial. Esse ciclo pode levar ao endividamento, isolamento social, rupturas familiares e até quadros graves de ansiedade e depressão.
A psicologia desempenha um papel importante na prevenção e no cuidado com o vício em apostas. Através da psicoterapia, é possível investigar os gatilhos emocionais que alimentam esse comportamento — como frustrações, sensação de vazio, baixa autoestima ou busca de controle — e, ao mesmo tempo, compreender como esses gatilhos se relacionam com contextos de exclusão social, racismo e desigualdade estrutural. O cuidado envolve a reconstrução de rotinas, o fortalecimento de vínculos sociais e o apoio no planejamento de novos caminhos de vida.
O vício não é sinal de fraqueza, mas sim um problema de saúde mental que exige atenção, acolhimento e compreensão do contexto social em que cada pessoa está inserida. A psicoterapia pode ser um espaço de reconstrução da autonomia e da dignidade, reconhecendo que ninguém aposta no vazio: aposta-se sempre a partir de uma história, de uma realidade concreta e, muitas vezes, de um sofrimento atravessado por condições sociais injustas.
